O Altruísmo Necessita de
Discernimento Para Ser Eficaz
John Garrigues
Normalmente, o indivíduo que “descobre a Teosofia” de modo intenso e que se dedica a ela profundamente faz isso, em grande parte, porque está cansado de si mesmo. A Teosofia abre uma janela para outro universo. Pela primeira vez, ele compreende que está preso em si mesmo -; que o egoísmo, tanto o inerente como o cultivado, criou uma carapaça em torno dele, e que as restrições dessa carapaça, embora ele não tivesse percebido, estavam rapidamente tornando-se intoleráveis.
Como uma onda de ar puro, surge diante dele a ideia de que não há uma real necessidade de estar pegando coisas para si, de ser egoísta, insensível, mal-educado ou ambicioso; e de que, na verdade, a própria morte, se for apenas uma libertação da tirania desses sentimentos, deve ser muito bem recebida.
Com essa compreensão, as dores da inveja, do ódio, da má vontade e do medo começam a abandonar o seu coração, e deixam que ele bata livremente e sem dor. O indivíduo aprendeu que o inegoísmo é a lei da vida; mas como essa lição é espiritual, a aplicação dela se limita ao instrumento mental. Para ele, no início, a ideia de inegoísmo não tem outro significado além daquele que o mundo lhe atribui. Esse significado se baseia na crença de que o bem-estar físico ou mental é a meta a ser alcançada, e só aquele que leva os outros em direção a essa meta faz serviço altruísta.
Surge então a vontade de considerar os homens como eles próprios veem a si mesmos; de ver cada indivíduo como moralmente igual a si, e de sentir que as duras pétalas de cada coração irão cair ao simples toque do espírito de autossacrifício da fraternidade. Este é um sentimento nobre; mas ele é todo do coração e nem um pouco da cabeça, e há uma desilusão esperando por aqueles que sentem desta maneira.
A vida não é assim tão simples.
A humanidade não é só egoísta, mas também deseja continuar desse modo; não está apenas iludida, mas também intensamente apegada às suas ilusões. Há milhões e milhões entre os nossos companheiros de humanidade para quem o altruísmo parece fraqueza, e para quem a justiça e o equilíbrio não passam de um tolo sentimentalismo. Há milhões e milhões de pessoas que irão aceitar os presentes dados pelo filantropo esperançoso, e aceitarão até o último centavo das suas posses mentais, morais e físicas; e depois disso o destroçarão órgão por órgão, e rosnarão impacientes para os ossos, porque eles não têm mais carne.
Toda confiança sem discernimento está destinada ao desastre, e se não fosse assim o mundo já seria como o céu, a esta altura.
O mundo só pode ser ajudado pelo despertar da percepção moral e espiritual. Esse despertar pode ser alcançado apenas quando se transforma em chamas de um fogo vivo as centelhas humanas que estão dentro do círculo Cármico.
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O artigo acima foi publicado inicialmente de modo anônimo na revista “Theosophy”, de Los Angeles, edição de agosto de 1926, p. 470. Título original: “Regarding Duty”.
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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.
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