A Lei da Afinidade Guia
Nossa Pequena Aldeia Solar
Carlos Cardoso Aveline
A percepção consciente de que certas energias da alma humana pertencem ao mundo celeste faz despertar uma espécie de devoção.
O amor pelo que é divino e cósmico se expande quando percebemos pouco a pouco a influência inspiradora dos espíritos de cada planeta e corpo celeste. Os astrônomos provavelmente sentem o mesmo respeito diante do cosmo, ainda que para muitos deles essa emoção seja subconsciente.
Não por acaso Albert Einstein escreveu:
“É muito difícil elucidar esse sentimento cósmico-religioso para qualquer pessoa que não o tenha dentro de si.” [1]
Os seres humanos são alunos diante de um céu infinito. São irmãos menores dos deuses do céu, e não seria má ideia improvisar uma oração. Mas como fazer isso?
O tema de como orar aos espíritos de estrelas e planetas é abordado na obra clássica “Three Books of Occult Philosophy or Magic”, de Agrippa.[2] Cabe também levar em conta o ensinamento de Helena P. Blavatsky sobre orações. Segundo a teosofia original, elas não devem conter pedidos pessoais. Servem para expressar uma afinidade e para desenvolver uma vontade ativa e criativa na direção do que é bom, belo e verdadeiro.
Vejamos uma experiência prática neste sentido:
Oração aos Planetas
Om, Shanti.
1) Agradeço ao espírito planetário de Plutão pela dança celeste que mantém com sua lua Caronte.
Plutão é o instrutor do imponderável e representa a luz invisível do Centro da Galáxia. Ele ensina o dom da luta total, da surpresa e do renascimento. Ele alimenta a capacidade humana de buscar o infinito. E transmite o poder de deixar de lado o que não serve mais, e de renovar o que deve ser renovado.
2) Sou grato à alma de Netuno.
Este embaixador da galáxia transmite sem palavras ao nosso planeta a paz insondável do oceano primordial. Aprendo com Netuno sobre a alma do universo. Descubro a arte de dissolver o que é pequeno no que é grande, para que a unidade sem fronteiras seja vivenciada no templo do coração. E a vigilância é necessária: a cautela manda evitar a falta de discernimento, quando se trata da energia netuniana.
3) No templo da alma humana, cabe agradecer à inteligência planetária de Urano.
O regente da era de Aquário ensina sobre a amplitude ilimitada do ar, a intensidade do relâmpago, a determinação de mudar e o potencial de cada instante. Aprendemos com Urano a expressar uma parcela da energia luminosa e criativa do universo. Porém, a energia de Urano não deve anular minha persistência. Por esse motivo sou grato a Saturno.
4) O planeta dos anéis transmuta sem pressa as estruturas da vida. Saturno não trabalha em função do que seria agradável nesse ou naquele momento. Opera segundo o que é correto perante a Lei. Aprendemos com o mestre do Tempo a viver em sintonia crescente com o nosso dever sagrado, a partir de uma perspectiva de longo prazo. O rigor metódico do Carma é compensado e estimulado pela vocação de vitória.
5) Júpiter é o mestre do futuro e do otimismo. Graças a ele, se expande em nós a determinação de buscar o melhor. Os seres humanos aprendem com Júpiter a erguer seu olhar na direção do mundo celeste e a ter confiança no poder luminoso da vida infinita. Este planeta magistral inspira e protege a filosofia, mas cabe evitar exageros quando vivemos a sua energia expansiva.
6) Agradeçamos a Marte, o mestre do bom combate. O planeta vermelho é uma fonte de coragem para inovar. Aprendo com o deus da luta a expressar em minha vida a energia transformadora do cosmo. Abstenho-me, porém, da violência desnecessária.
7) Devemos ser gratos à Terra, que vive há alguns séculos o renascimento de uma consciência cósmica. É uma bênção fazer parte deste despertar.
8) Vênus é, segundo Helena Blavatsky, “a irmã mais velha da Terra”. Ela protege a vida em nosso planeta. Ela ensina a perseverar e a expressar concretamente o amor pelo que é bom, belo e verdadeiro. Agradeço à estrela da manhã e do anoitecer pelo equilíbrio e pela força que recebo dela.
9) Mercúrio é o mensageiro dos deuses. O mestre da compreensão dá clareza aos pensamentos humanos. Aumenta em nossas mentes a pureza e a força da Verdade. A honestidade pessoal é testada na interação da alma com Mercúrio.
10) A pequena Lua se sacrifica maternalmente pela Terra.
Este satélite ensina amor altruísta e respeito pelo passado. Agradeço à Lua por testar e fortalecer minha determinação de agir e amar além das marés oscilantes de curto prazo.
11) Pensemos agora no Mestre dos Mestres.
Seu círculo dourado domina o céu.
Comemoremos em nossas consciências a luz eterna e a vida infinita.
O Sol, o Surya indiano, o Apolo grego, é a contrapartida celeste do coração humano. Constitui o centro astronômico, astrológico e oculto desta aldeia cósmica, na periferia da Via Láctea.
Estando em sintonia com a influência do Sol espiritual, é nosso dever mandar paz a todos os seres.
Om, Shanti.
NOTAS:
[1] “Assim Falou Einstein”, compilação de Alice Calaprice, Ed. Civilização Brasileira, RJ, 1998, ver pp. 159-160.
[2] “Three Books of Occult Philosophy or Magic”, de Henry Cornelius Agrippa, 288 pp., Kessinger Publishing Co., Montana, U.S.A. Veja especialmente as pp. 210 e 211. Agrippa é citado nas Cartas dos Mahatmas.
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