Quanto Mais Ensinamos, Mais Aprendemos
Damodar K. Mavalankar
Damodar Mavalankar
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Nota Editorial:
Damodar K. Mavalankar (1857- ?) foi um
discípulo avançado dos Raja-Iogues dos Himalaias
e um colaborador direto de Helena Blavatsky.
(CCA)
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A importante questão sobre “o que é conhecimento verdadeiro” deve receber uma resposta. Muitas pessoas confundem a visão física com o conhecimento. Elas não pensam com profundidade suficiente para perceber que podemos ver uma coisa e não conhecê-la, e, ao mesmo tempo, conhecer uma coisa que não vemos.
A percepção verdadeira é o verdadeiro conhecimento. A percepção é uma atividade da alma; é a visão da inteligência mais elevada, cujo olhar nunca erra. E isto pode ser exercido na verdadeira serenidade mental, como o Mahatma K. H. observa:
“É sobre a serena e plácida superfície da mente imperturbada que as visões captadas do mundo invisível encontram uma representação no mundo visível.” [1]
Em poucas palavras – segundo a descrição da alegoria hindu – “É na escuridão da noite que Krishna nasce.”
Em Ocultismo, Krishna representa o princípio Crístico; o Atma ou sétimo princípio dos vedantinos; o Logos dos cristãos – o Espírito Divino, que é o Filho manifestado do Pai imanifestado. Na escuridão da noite, isto é, quando há completo repouso físico e mental, quando há uma perfeita paz e quietude na mente. É só então que a individualidade do homem – sua natureza mais elevada – torna-se um veículo adequado para a manifestação da Palavra. Isso é o que se pretende dizer na Bíblia, quando se afirma que devemos tentar obter “redenção através de Cristo”. O Princípio Divino no homem é indivisível. A alma humana é universal. Aquele que quiser desfrutar da vida eterna deve viver no Princípio Divino e unir a alma humana com ele. Portanto, um sentido de isolamento pessoal produz morte e aniquilamento, enquanto que a filantropia autêntica e altruísta coloca o indivíduo em contato com o Espírito Divino, e assim dá a ele vida eterna.
O Espírito Divino permeia tudo o que existe, e cada um se que coloca em contato com o Espírito Divino está, necessariamente, em contato com todas as outras entidades que também estão em contato com ele. Portanto, os Mahatmas, que são conscientes do Logos, estão em constante relação magnética com aqueles que conseguem libertar-se da natureza animal inferior; e que, expandindo Manas superior (a mente, o quinto princípio dos ocultistas), tentam unir a mente permanentemente com Buddhi e Atma, o sexto e sétimo princípios mencionados na doutrina oculta.
É desta maneira que os Mahatmas devem começar a ser conhecidos. O que é um Mahatma? Ele é o seu corpo físico? Não! O corpo físico deve perecer, mais cedo ou mais tarde. O Mahatma vive em sua individualidade mais alta e, para conhecê-lo verdadeiramente, ele deve ser percebido a partir daquela individualidade em que ele se concentra. O corpo é apenas um ponto de apoio da alavanca através da qual devem ser produzidos resultados físicos. Para ele, o corpo é como uma casa. Ele o habita enquanto o corpo for útil para o seu propósito.
O conhecimento aumenta na proporção direta do seu uso. Isso significa que, quanto mais ensinamos, mais aprendemos. Do mesmo modo, quanto mais um órgão for exercitado, mais aumentará a sua atividade funcional – uma vez, naturalmente, que não haja expectativas excessivas ou imediatas. Assim também a vontade se fortalece à medida que é exercida; e quanto o indivíduo enfrenta tentações – o que só é possível quando ele convive com seus companheiros – mais oportunidades haverá para que ele exercite e portanto fortaleça sua vontade. Neste processo, surge um momento no qual a estrutura do indivíduo mudou tanto que ele fica incapacitado para trabalhar no plano físico. Ele então deve trabalhar sobre sua estrutura desde planos mais elevados, para os quais ele deve retirar-se. Mas até a chegada deste momento ele deve estar com a humanidade, e trabalhar inegoisticamente pelo real progresso humano. Só isso pode produzir a verdadeira felicidade.
[Fevereiro de 1885]
NOTA:
[1] Veja “Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”, Transcritas por A. T. Barker, Editora Teosófica, Brasília, 2001, dois volumes. Ver a Carta 65, volume I, p. 270.
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O artigo acima foi traduzido da obra “Dâmodar and the Pioneers of the Theosophical Movement”, compilada e anotada por Sven Eek, The Theosophical Publishing House, Adyar, Índia, 720 pp., 1978, pp. 515-517.
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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.
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