Caminhar É Mais Fácil Com Pouca Bagagem
Carlos Cardoso Aveline
Em meio às pressões da vida diária, podemos sentir que “não temos tempo” para o estudo e a meditação sobre os temas sagrados.
Quando tal coisa ocorre, este é um sinal seguro de que devemos rever as nossas prioridades, para não perdermos um tempo indevido com coisas de pouca importância real. Não somos imortais, e gastar tempo em excesso com temas passageiros é agir como se pensássemos que vamos viver trezentos anos.
Um velho livro de orações judaico ensina:
“Hillel disse: ‘Quem exalta seu próprio nome, perde seu nome; quem não aumenta seu conhecimento, faz com que seu conhecimento diminua; quem não busca adquirir sabedoria, desperdiça sua vida; e quem faz uso desprezível do conhecimento está jogando fora os seus poderes.’ Hillel também costumava dizer: ‘Se eu não ajo pelo meu bem, quem agirá pelo meu bem? No entanto, se eu ajo apenas pelo meu próprio bem, o que sou eu? E se não agir agora, quando?’ ” [1]
E ainda:
“… E não diga ‘quando eu tiver tempo livre irei estudar’; você pode nunca ter tempo livre.” [2]
Devemos tomar iniciativas práticas no sentido de abrir espaço na vida diária para a busca da sabedoria. O livro de orações cita estas palavras do rabino Tarphon:
“O dia é curto, o trabalho é muito, os trabalhadores são lentos, e o Mestre tem urgência.” [3]
Não há como usar bem o tempo, se não soubermos que ele é um bem precioso, ou se não eliminarmos as prioridades de terceira e quarta importância em nossa agenda pessoal. Este é o primeiro passo.
O filósofo romano Lúcio Sêneca escreveu que a vida não é curta, mas pode parecer que ela não é suficientemente longa, se perdermos tempo demasiado com assuntos pequenos. De fato, o segredo de uma boa e longa caminhada é não levar muita bagagem nas mãos, mas ater-se ao fundamental.
NOTAS:
[1] “Union Prayer Book for Jewish Worship”, Part I, Newly Revised Edition, The Central Conference of American Rabbis, Cincinnati, USA, 1953, 396 pp., ver p. 166.
[2] “Union Prayer Book for Jewish Worship”, obra citada, p. 168.
[3] Obra citada, p. 169.
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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.
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