Torturas e Assassinatos Realizados
Pelo Vaticano no Tempo da Inquisição
Augusto de Lima
Durante séculos, os tormentos físicos e o assassinato foram promovidos pelo clero católico
como mecanismo de controle político. Na imagem, uma “sessão de trabalho” dos criminosos.
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Nota Editorial:
A expressão “Ad Majorem Dei Gloriam”
significa em latim “Para Maior Glória de
Deus”, e é também o lema da ordem dos Jesuítas.
Augusto de Lima foi um pensador pioneiro que
abriu caminho para a ética. Como poeta, desafiou
o “consenso católico” e denunciou sem meias
palavras os absurdos do Vaticano. Lima alertou para a
hipocrisia dos que cometem crimes contra a humanidade
usando argumentos religiosos como álibi e como desculpa.
(Carlos Cardoso Aveline)
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Ante o vulto senil do Juiz Executivo
compareceu o Algoz, da lei o braço vivo.
Aquele, austero lê; este se curva todo
e em seguida se exprime, humilde, deste modo:
“Para glória maior de Deus, Senhor, eu venho
dar conta da missão, de cujo desempenho,
vosso excelso poder por bem houve incumbir-me.
Foi tudo no melhor, pois tenho o braço firme.
O fogo, a fome e o mar tive por ajudantes
para os réus que em viver eram recalcitrantes.
Os que fiz expirar, no ecúleo [1] decompostos,
tinham a luz da fé nos macerados rostos.
– Bendito seja Deus! – bradava um ateísta,
e, de todos os mais condenados da lista,
só um impenitente, em seu orgulho pleno,
recusou confessar a lei do Nazareno.
Chorou nos borzeguins [2], rangeu na corda tesa
e empalado bramiu; mas o ânimo e firmeza
sempre mostrou bradando: – É livre a humanidade;
morra a fé que escraviza e viva a Liberdade! -”
“E que fizeste dele?” o juiz inquieto atalha.
“Mandei-o espicaçar a golpes de navalha
e seu corpo sangrento expor ao sol e às moscas;
e como ainda vivia, entre candentes roscas
de ferro, mandei fosse oprimido o seu ventre.
E a despeito de tudo, entre as torturas, entre
o crepitar da carne ardendo, no supremo
paroxismo da dor, o cínico blasfemo
(e o carrasco enxugou a fronte enfebrecida)
disse ainda: – Sou livre! – e morreu em seguida.
“E do corpo infiel que heis feito?”
“Ao mar lancei-o;
mas, ao cair, meteu-se uma onda de permeio,
que o levou e repôs na praia descoberta,
onde o abutre voraz, de goela sempre aberta,
há de roer-lhe a carne e triturar-lhe os ossos.
Busquei assim cumprir os mandamentos vossos.”
Disse, corteja e sai. E o juiz da lei clemente
continua a leitura imperturbavelmente…
NOTAS:
[1] Um dos inúmeros instrumentos de tortura inventados e usados pelos criminosos do clero católico. (CCA)
[2] Outro instrumento de tortura utilizado pelos sacerdotes. (CCA)
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O poema acima foi reproduzido do volume “Poesias”, Augusto de Lima, Editora H. Garnier, Rio de Janeiro / Paris, 1909, 300 pp., ver pp. 169-170. A ortografia foi atualizada.
Sobre o mesmo tema, veja também em nossos websites associados poema “O Inquisidor”, de Augusto de Lima.
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Para conhecer um diálogo documentado com a sabedoria de grandes pensadores dos últimos 2500 anos, leia o livro “Conversas na Biblioteca”, de Carlos Cardoso Aveline.
Com 28 capítulos e 170 páginas, a obra foi publicada em 2007 pela editora da Universidade de Blumenau, Edifurb.
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