Carta de um Sábio Oriental Mostra o
Aspecto Rigoroso do Verdadeiro Aprendizado
Aspecto Rigoroso do Verdadeiro Aprendizado
Um Mahatma dos Himalaias
Uma imagem dos Himalaias, em quadro de Nicholas Roerich
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Nota Editorial:
Reproduzimos de O Teosofista,
edição de novembro de 2012, a carta 24
da primeira série de “Cartas dos Mestres de
Sabedoria”, compiladas por C. Jinarajadasa
(Editora Teosófica, Brasília). O texto tem
importância por vários motivos, três dos quais
devem ser citados aqui. Em primeiro lugar, a
carta mostra a franqueza e a linguagem direta
usada por sábios autênticos. O contraste é
enorme com a linguagem adocicada dos falsos
mestres fabricados por Charles Leadbeater, Annie
Besant, Geoffrey Hodson, e outros desinformados.
Em segundo lugar, ela indica o perigo fatal
da falta de sinceridade ao longo do caminho do
conhecimento. Vale sempre o axioma indicado
de Helena P. Blavatsky no artigo “Chelas e Chelas
Leigos”: “antes de desejar, faça por merecer”. Em
terceiro lugar, a carta mostra a situação de um
discípulo direto que está a um passo da queda.
(Carlos Cardoso Aveline)
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A Um Chela
Então você realmente imaginou que – quando lhe fosse permitido considerar-se meu chela – as negras recordações de seus erros passados estariam também ocultas de meu conhecimento, ou que eu sabia e mesmo assim perdoava? Você imaginou que eu era conivente com eles? Tolo…! três vezes tolo! Foi para ajudar a salvá-lo de seu Eu mais vil, despertar-lhe melhores aspirações; fazer com que a voz de sua “alma” desrespeitada fosse ouvida; para dar-lhe um estímulo para fazer alguma reparação… por estes motivos, somente, seu pedido para se tornar meu chela foi atendido. Somos os agentes da Justiça, não os lictores [1] sem sentimentos de um deus cruel. Mesmo indigno como você tem sido, colocando fora de modo vil seus talentos… cego como tem sido em relação aos clamores de gratidão, virtude e equidade, ainda assim você possui as qualidades de um homem bom – (adormecidas, na verdade, até agora!) e de um chela útil. Mas até quando continuarão suas relações conosco – isto depende somente de você. Você pode esforçar-se para sair do lodo, ou deslizar de volta até profundezas de vício e miséria agora inconcebíveis para sua imaginação… Lembre-se… de que você está diante de seu Atma, o qual é seu juiz, e que nem sorrisos, nem falsidades, nem sofismas podem enganar. Até aqui você recebeu apenas pequenos bilhetes de mim e – não me conhecia; agora me conhece melhor, pois sou eu que o acuso diante de sua consciência alertada. Você não precisa fazer promessas da boca para fora a Ele [2] ou a mim, nem confissões pela metade. Ainda que… você derrame oceanos de lágrimas e rasteje na poeira, isso não alterará em nada a balança da Justiça. Se quiser recuperar o terreno perdido, faça duas coisas: promova a mais ampla, mais completa reparação… e dedique suas energias ao bem da humanidade… Tente preencher cada dia com pensamentos puros, palavras sábias, ações amáveis. Não darei ordens, nem irei mesmerizar você, nem o influenciarei. Mas sem que perceba e quando talvez você vier – como tantos outros – a desacreditar de minha existência, estarei observando sua trajetória e simpatizando com suas lutas. Se você sair vitorioso no final de sua provação, serei o primeiro a dar-lhe parabéns. E, agora, há dois caminhos à sua frente, escolha! Quando tiver escolhido poderá consultar seu oficial superior visível – H. S. Olcott, e ele será instruído por mim, através de seu Guru, para guiar você e mandá-lo adiante…
Você aspira a ser um missionário da Teosofia: seja um – se puder sê-lo de fato. Mas antes de sair pregando com um coração e uma vida prática que contradizem seu discurso – bendiga o raio que cause a sua morte, pois cada palavra irá acusá-lo no futuro. Vá e consulte o Cel. Olcott – confesse seus erros para este bom homem – e peça seu conselho.
K. H.
NOTAS:
[1] Lictor: Oficial da antiga Roma que acompanhava os magistrados com um molho de varas e uma machadinha para as execuções de sentença. (Nota da edição brasileira de “Cartas dos Mestres de Sabedoria”.)
[2] Ele: No original, It: refere-se ao Atma. (Nota da edição brasileira de “Cartas dos Mestres de Sabedoria”)
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