Pomba Mundo
 
Preservando a Essência do Movimento Esotérico
 
 
Robert Crosbie
 
 
A PEDRA ANGULAR DO TRABALHO COM MOLD
 
Robert Crosbie (1849-1919)
 
 
 
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Nota Editorial:
 
Publicamos a seguir dois textos curtos cuja força
e atualidade são grandes nesta primeira parte do
século 21. Trata-se das Cartas 1 e 2 da parte intitulada
“In The Beginning”,  na obra “The Friendly Philosopher”,
de Robert Crosbie (Theosophy Company,  Los Angeles,
1945, 416 pp., ver pp. 363-366).  O título geral e os dois
subtítulos do material foram criados para esta edição.
 
(CCA)
 
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[ 1. Os Princípios Fundamentais ]
 
É fútil aceitar revelações sobre a base de que “alguém disse isso ou aquilo”. Elas não transmitem conhecimento algum,  e o que todos necessitam é conhecimento direto.  Fórmulas e shibolés [1] são meras palavras, e não um critério da verdade.
 
A teosofia está no mundo para apresentar o meio pelo qual cada um pode adquirir conhecimento por si mesmo. O seu estudo e aplicação provocam  o despertar da sabedoria e do discernimento que estão latentes no próprio ser humano.
 
A verdade não é um homem, não é um livro, não é uma declaração. A natureza da Verdade é universal; aqueles que a possuem em algum grau podem ser reconhecidos porque aplicam a universalidade em pensamento, palavras e ações.  Seus esforços são desenvolvidos em função do bem da humanidade, sem levar em conta distinções de sexo, credo, casta ou cor. Eles nunca serão encontrados entre aqueles que se apresentam como porta-vozes escolhidos pela Divindade ou que exigem homenagens dos seus semelhantes. A verdadeira Fraternidade inclui tanto o menos desenvolvido quanto o mais elevado. Devemos tentar ajudar a todos os que buscam a verdade. Nosso valor, e a ajuda que damos neste grande trabalho, dependem das nossas intenções, do nosso discernimento e da nossa conduta.
 
Um desejo sincero de que as nossas vidas possam beneficiar outros será percebido por aqueles que estiverem abertos.  É de pouca importância saber quantos eles serão: eles podem ser o meio de despertar muitos outros.  Em última instância, são o esforço e o sacrifício que produzem resultados; mas é correto levar em conta o que os Mestres têm feito e fazem, ano após ano, era após era. Eles fazem o que Eles podem, quando Eles podem, e do modo como Eles podem – de acordo com a lei cíclica.  Eles conservam o conhecimento obtido – e esperam.  Se sabemos disso e agimos desta forma, não pode haver espaço em nós para a dúvida e o desânimo.
 
A teosofia é para aqueles que a necessitam. Devemos ter firmeza, esperar e trabalhar por aquelas poucas almas dedicadas, capazes de compreender o plano e fazer com  que a Causa avance.  Muitos têm os seus ouvidos tão insensíveis, ou sua atenção tão dispersa, que nenhuma quantidade de repetições pode chegar até eles. No entanto, a teosofia deve ser proclamada continuamente em função daqueles que podem ouvir.  Este é o trabalho que assumimos por decisão própria. Quanto a meios, método e modo de agir, temos o exemplo de H.P. Blavatsky e W. Q. Judge. Devemos fazer como eles, e realizar o trabalho deles à maneira deles.
 
A “Arca” teosófica foi lançada sobre o abismo dos credos e do materialismo. Alguns descobriram o que há de verdade em um ou outro destes dois lados. Outros descobriram “pedras” que pertencem à Arca, mas a “pedra angular” foi rejeitada por causa da sua forma irregular – exatamente como na antiga história da tradição maçônica. Porém, também lembramos que chegou o tempo em que a pedra rejeitada tornou-se “a cabeça da esquina”, porque descobriu-se que era a pedra angular.
 
O tempo todo, havia alguns que sabiam da pedra angular. Mas eles eram poucos, e suas vozes não eram ouvidas em meio ao clamor das  pretensões e discursos dos que haviam encontrado pedaços da arca e desejavam ser homenageados. Assim, estes poucos tinham que “Trabalhar, Vigiar – e Esperar”, sabendo que a história se repete, e que não há nada de novo sob o sol.
 
A alegoria da torre de Babel se aplica bem aos tempos atuais. Tudo está em confusão, cada um usando a sua própria linguagem desconexa enquanto ninguém escuta.  Eu disse  “ninguém”, mas alguns escutam. Alguns poucos compreendem que nenhuma destas coisas produz conhecimento.
 
Tudo o que pode ser feito é deixar que a luz brilhe de tal modo que aquele que desejar possa buscá-la, e assim possa plantar para uma colheita futura.  Esta seria uma tarefa impossível se não houvesse Reencarnação.  Portanto, o grande esforço deve ser promulgar os princípios fundamentais da Unidade, da Fraternidade, do Carma e da Reencarnação.
 
[ 2. O Horizonte Mais Amplo ]
 
No trabalho que assumimos juntos, não importa se “nós” fracassamos ou vencemos.  Nosso propósito tem sido, e será, que o Trabalho prossiga. Podemos colocar – cada um de nós – o melhor de nós no esforço. O resto está em outras mãos, mais fortes.
 
O “melhor de nós” pode não ser grande, mas se a motivação estiver presente, até mesmo manter nossas posições será em algumas situações uma vitória. Onde não há um exército organizado a arte de lutar deverá ser aprendida.  Os recrutas têm de travar a luta,  com os mais velhos ensinando e liderando os mais jovens.  Se não houver preocupação alguma exceto o desenvolvimento da boa luta, o nosso trabalho será melhor realizado quando estiver sob a maior pressão e os testes mais pesados.
 
É, portanto, para os Ensinamentos que deve ser chamada atenção, e não para nós mesmos, que apenas os transmitimos da melhor maneira possível.  Se alguém percebe que em muitos aspectos não é capaz de fazer tudo o que necessita ser feito, ou que gostaria de fazer, esta percepção é uma prova de que a pessoa está no caminho do progresso. Nossos ideais nunca são alcançados: eles estão sempre à nossa frente.
 
Conforme um homem pensa, assim ele se torna. O tempo é um elemento neste processo, e ele parece passar mais rápido quando fazemos pacientemente aquilo que é possível.  Ficar de qualquer modo desanimado pelas nossas aparentes imperfeições é uma  forma de impaciência – é um esquecimento da Lei. Qualquer oportunidade serve,  até que surja algo melhor. Os defeitos identificados perderão força se ficarem sob observação,  de modo que podemos conviver de boa vontade com os nossos próprios defeitos, assim como com os defeitos dos outros, enquanto continuamos trabalhando.
 
Uma das grandes ajudas que a teosofia dá é o poder de fazer uma  avaliação melhor do campo de ação, algo que de outro modo não seria possível.
 
Não pensamos nesta vida apenas, mas em muitas vidas futuras, durante as quais “eu,  você e todos os príncipes da Terra” viveremos e nos esforçaremos pela redenção universal da humanidade,  sempre olhando à frente, sempre vendo alturas maiores, para as quais o despertar do espírito pode ser  dirigido.  Há muita força e muitos talentos entre os seres humanos, mas a maior parte deles é usada sem um rumo durável. Se a filosofia correta pudesse ser implantada – ou até mesmo a ideia da natureza divina que está presente no interior do ser humano –,  um ímpeto maior seria dado ao impulso para viver corretamente; e então uma filosofia que estivesse de acordo com esta natureza interior seria buscada por aqueles que fossem despertados deste modo.
 
Não tomaria muito tempo, nem seria muito difícil, se aqueles que estão interessados em teosofia deixassem de pensar sozinhos, e tratassem de espalhar a filosofia e a  ideia do serviço altruísta. Sem a filosofia correta, a força e os talentos especiais são inúteis.  Se todos estudarem com o objetivo de serem mais capazes de ajudar e ensinar a outros, disso deve resultar uma ajuda e um ganho generalizados.
 
Penso que a palavra “teosofia” tem um poder.  Se não tivesse, não haveria tanta gente usando este nome de modo errado. Apesar de todos eles, a teosofia em si mesma permanece intocada.  Nosso trabalho é mantê-la pura, tal como foi transmitida a nós, pelo bem daqueles que podem ser ajudados –;  e estamos sempre encontrando mais alguém que pode.  Em dias melhores seremos capazes de fazer mais –;  e as dificuldades atuais só aumentam este potencial futuro.  A teosofia, pura e simples, é o padrão pelo qual os esforços podem ser aplicados e os erros combatidos. Portanto, ela deve ser sempre mantida em evidência como a fonte de todo esforço correto.
 
Quando a sociedade teosófica original foi estabelecida, era necessário dar a ela a forma que seria melhor entendida pelas pessoas daquele tempo. [2]
 
Era sabido que muitos ficariam apegados à forma, ao invés de perceber o espírito, do movimento teosófico; e que eles imaginariam que o espírito não poderia existir sob nenhuma outra forma. Mas era  sabido, também, que alguns perceberiam o espírito e só dariam atenção a ele.
 
Os acontecimentos confirmaram isso, e agora já estamos em outro ponto no ciclo do tempo. A perfeição na ação não é possível; assim, embora nós mostremos apenas o espírito do Movimento,  nós também apresentamos uma   base visível  que é necessária em qualquer trabalho exotérico. O nome “Loja Unida de Teosofistas” é um nome dado a alguns princípios e ideias; aqueles que se associam a estes princípios e ideias são atraídos e se comprometem com eles  apenas não com os seus companheiros que agem do mesmo modo ou que deixam de sustentar este compromisso. A DECLARAÇÃO da LUT [3],  que é assinada pelos associados, é algo muito diferente de qualquer coisa que exista em organizações.
 
NOTAS:
 
[1] Shibolés ou xibolés  — palavras secretas ou  senhas, tais como as usadas em sociedades secretas ou semissecretas.  (CCA)
 
[2] A Sociedade Teosófica original foi fundada em Nova Iorque em 1875, mas deixou de existir alguns anos depois da morte de Helena Blavatsky, ocorrida  em 1891. Ainda durante os anos 1890, a Sociedade Teosófica de Adyar  abandonou os ensinamentos originais e o movimento fragmentou-se. Hoje o movimento possui três correntes principais, organizadas internacionalmente. Elas são a Sociedade Teosófica  de Adyar, a Sociedade Teosófica de Pasadena, e a Loja Unida de Teosofistas. (CCA)
 
[3] “A Declaração da LUT” está disponível em nossos websites associados. (CCA)
 
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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
 
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Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.
 
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