O Legado Mais Importante
Deixado Pela Pensadora Russa
Deixado Pela Pensadora Russa
Carlos Cardoso Aveline
Busto de Helena Blavatsky, feito
pelo escultor ucraniano Alexey Leonov
pelo escultor ucraniano Alexey Leonov
“Me refiro à palavra inteligente
gravada na alma do aprendiz…”
(Sócrates, em “Fedro”, de Platão, trecho 276)
As obras escritas por Helena P. Blavatsky estão entre as mais significativas da literatura filosófica de todos os tempos. Basta um olhar panorâmico para perceber isso.
No entanto, ela escreveu em cooperação com alguns raja-iogues dos Himalaias que estão muito além do estágio atual da evolução humana. Não seria correto atribuir apenas a ela o mérito pela literatura que ela colocou no papel.
É a primeira vez, nos últimos dois mil e quinhentos anos, que se ensina de modo tão claro a sabedoria de todos os tempos. Em quantidade e qualidade, a obra de HPB não tem igual dentro do movimento teosófico ou na literatura filosófica. Sua obra é maior e mais clara que a de Platão. É mais universal e mais abrangente que o Talmude, ou que os Upanixades. Sua influência sobre a evolução e a história da humanidade é sutil, mas é enorme, como comprova a parte sete do livro “Helena Blavatsky”, de Sylvia Cranston. [1]
E cabe perguntar:
“Qual é a obra mais importante de tudo o que ela produziu?”
A verdadeira obra-prima de Helena Blavatsky não é “A Doutrina Secreta”, nem “Ísis Sem Véu”. Não é “A Voz do Silêncio” nem “A Chave da Teosofia”. Nem está em qualquer um dos 15 volumes dos seus extraordinários textos curtos, os “Escritos Reunidos” (Collected Writings).
A verdadeira obra-prima de HPB – e o seu maior presente para a humanidade – é provavelmente o próprio movimento teosófico, visto como processo vivo de conexão com a alma imortal; como um processo de pesquisa, ensino e aprendizagem; e também como um campo magnético sutil.
Isso significa que a obra escrita de HPB, embora seja admirável, não era uma meta em si mesma.
A obra escrita é um instrumento para que se cumpra uma determinada missão evolutiva. Os livros dela fazem parte do movimento teosófico, e são suas ferramentas de trabalho durante o processo de despertar de uma nova consciência universal.
Os escritos de HPB pertencem à humanidade como um todo e ajudam inúmeras pessoas que nem sequer sabem da existência do movimento teosófico.
Em geral a literatura teosófica pode ser melhor compreendida quando é examinada desde o ponto de vista do esforço coletivo que HPB criou e cuja meta básica é a construção de um núcleo de fraternidade universal. O movimento teosófico autêntico é, na realidade, uma escola de filosofia. Ele é “uma pedagogia em movimento”. Ele dá ao indivíduo o método correto para estudar a literatura teosófica clássica, e para usar as chaves de interpretação que permitem fazer uma síntese correta das diferentes tradições culturais, e assim construir um futuro saudável.
A sabedoria transcende as palavras.
Os escritos são úteis. As palavras corretas são sagradas. Mas elas podem apenas apontar na direção da sabedoria. Em vários casos são usadas de um modo que causa confusão ou mesmo com objetivos ilegítimos.
Os escritos esotéricos e reservados de HPB foram publicados sem cuidado ou critérios e sem um enfoque atual correto do tema. É possível repetir, plagiar e copiar, citando ou não a fonte, “A Doutrina Secreta” e outras obras de HPB. Nada disso, porém, elimina o fato de que o movimento teosófico autêntico transforma as palavras em ação e assim constitui em si mesmo um núcleo vivo de transformações alquímicas que ocorrem em diferentes países e continentes. Este núcleo não-burocrático tem o privilégio de participar ativamente da preparação de um futuro melhor para a nossa humanidade.
A verdadeira obra-prima de HPB não é só dela. Também não está escrita nem impressa em papel. Cada estudante sincero em qualquer país é seu coautor. Ele a cria e a mantém viva em sua própria existência diária. Neste nível a obra-prima é escrita na alma, como ensinou Platão.
Cabe levar em conta o espírito e a substância do compromisso interior que estabelece os alicerces do esforço global pela fraternidade de todos os seres. A Loja Unida de Teosofistas costuma divulgar o Compromisso de Kwan-Yin, que afirma:
“Nunca irei buscar ou aceitar qualquer salvação particular ou individual, e nunca entrarei sozinho na paz final; mas sempre, e em todo lugar, viverei e me esforçarei pela redenção de cada criatura no mundo todo.” [3]
Este compromisso expressa, em parte, o espírito do movimento teosófico: está diretamente relacionado com o primeiro objetivo deste esforço coletivo, que é a construção de um núcleo de fraternidade universal. A prática da solidariedade sem fronteiras surge naturalmente a partir da percepção direta da unidade dinâmica de todos os seres, e também da compreensão vivencial de que o altruísmo é fonte de felicidade.
NOTAS:
[1] Editora Teosófica, Brasília, 1997, 678 páginas.
[2] O volume XV é o índice remissivo; e um outro volume traduz ao inglês os escritos de HPB em língua russa: “From the Caves and Jungles of Hindustan”.
[3] Veja nos Websites Associados o artigo “A Motivação Correta”, de John Garrigues.
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Uma versão anterior do texto acima foi publicada sem indicação de nome de autor na edição de novembro de 2009 de “O Teosofista”. Título original: “Qual é a Obra-Prima de H.P. Blavatsky?”
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Sobre o crescimento interior e a transformação pessoal no século 21, leia a obra “O Poder da Sabedoria”, de Carlos Cardoso Aveline.
O livro foi publicado pela Editora Teosófica, de Brasília, tem 189 páginas divididas por 20 capítulos e inclui uma série de exercícios práticos. Está na terceira edição.
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