Informe de uma Reunião em Londres
Helena P. Blavatsky
Helena P. Blavatsky
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Nota Editorial
A transcrição a seguir foi copiada por
Boris de Zirkoff do Livro de Atas da Loja
Blavatsky, e publicada no volume XIII dos
“Collected Writings” (Escritos Reunidos),
de Helena P. Blavatsky, T. P. H., EUA,
1982, pp. 364-365. É dali que faço a tradução.
Em relação à terminologia do texto, o leitor deve
levar em conta o fato de que em sânscrito Manas
significa “o princípio mental”, e Buddhi significa
a alma espiritual ou inteligência espiritual do ser
humano. Kama é a sede ou princípio dos desejos
animais. Kama-loka é o “local dos desejos”, uma
das primeiras etapas do ciclo pós-morte. Kama-rupa
é uma espécie de corpo sutil pós-morte, que habita
kama-loka. Devachan é o estágio superior e espiritual
do ciclo pós-morte. O sexto e o sétimo princípios são
respectivamente o princípio búddhico da alma espiritual e o
princípio átmico ou supremo e universal, no microcosmo que
é a aura de um ser humano. Mahatma é um ser que alcançou a
perfeição do ponto de vista do estágio atual da evolução humana.
(Carlos Cardoso Aveline)
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Em uma reunião em Maycott, em 16 de junho de 1887, surgiu uma discussão sobre a aura e o magnetismo do indivíduo humano.
O magnetismo, segundo foi dito, é uma emanação que surge de todas as coisas, da terra, da vida animal e vegetal. É uma coisa fisiológica, e surge do prana, que é o princípio vital individual. A aura é uma individualização de um Princípio Vital Universal (Jiva), e permanece com um ser humano apesar das suas trocas periódicas de estado e de planos de consciência.
A aura é o princípio do sentimento de simpatia e de antipatia ; é uma emanação de prana, mas em combinação com manas e buddhi. Em relação a isto, deve-se ter presente que a memória é o efeito de buddhi sobre manas. O processo de “ter influência psicológica” é realizado através do poder da vontade, pela aura, e também afeta a aura.
Surgiu uma discussão sobre a diferença entre a vontade e o desejo. O desejo está relacionado com o êxito de um homem, mas menos que a vontade ou que o carma. Fora do reino animal o desejo deveria surgir apenas de um dos princípios superiores. O desejo é um princípio kâmico, é Tifônico [1] , uma força perturbadora que se opõe à vontade. A vontade é uma emanação do sexto e do sétimo princípios. O desejo é uma energia que deve ser reprimida; quando sua energia é suprimida, é espalhada e vai para a energia universal, mas não se perde. Ao reprimi-la, o homem não se liberta dela, mas se transformada em atos ela flutua ao redor do seu pescoço na forma de Carma.
Depois da morte o homem existe no Kama-loka, e está enquadrado no Kama-rupa ou feixe de desejos. O Kama-rupa impede os princípios mais elevados de passar inteiramente para o Devachan. No momento da volta para cá, o homem reencontra o carma do Desejo não-reprimido esperando por ele no limiar. Assim, o real castigo do Carma surge da presença de desejos que têm que ser reprimidos. Isso é feito por um esforço da vontade, que não é infinito, e tem um princípio e um final. Mas a vontade é a manifestação de uma lei eterna que só pode ser apreciada em seus efeitos, e neste ponto foi dito que vontade absoluta não é a mesma coisa que Vontade Cósmica.
Assim, o homem, como microcosmo, é dotado de livre-arbítrio ; mas ele é limitado pela ação de outros livre-arbítrios, sob a ação da lei da harmonia universal, que é a Lei do Carma. A verdadeira função do poder da vontade é produzir harmonia entre a lei e o homem. Assim, o Mahatma, como não tem desejo, está fora da esfera de ação do Carma ; a sua real condição está em harmonia com a natureza; ele é o Carma, é seu agente, e portanto está fora do seu campo de ação. [2] Seu corpo físico, no entanto, ainda está dentro do seu campo de atuação. Assim, a direção da vontade deve ser colocada no rumo da realização das aspirações individuais que são búddhicas, de modo que o quinto princípio intelectual fique quase dissolvido no sexto princípio, buddhi. Essas aspirações podem ser chamadas de “vislumbres do eterno”.
A consciência inferior reflete estas aspirações inconscientemente, e mais tarde ela mesma passa a aspirar, e é elevada, se as coisas estiverem de acordo. Uma tal aspiração seria uma tendência em direção à Teosofia; este instinto, se for desenvolvido, se tornará uma aspiração consciente.
Foi feita uma distinção entre obstinação, firmeza e vontade. A obstinação resulta de um obscurecimento da razão e pode ser comparada às duas metades do cérebro agindo em oposição, quando o trabalho é obstruído. A firmeza pode ser descrita como algo que resulta do equilíbrio entre as duas metades do cérebro. É sobre esta firmeza que a vontade se baseia, e a vontade começa a funcionar a partir deste equilíbrio.
NOTAS:
[1] Tifônico – próprio de Tífon, monstro da mitologia grega, “flagelo dos mortais”. (CCA)
[2] “Fora do seu campo de ação”, segundo o registro escrito das palavras de HPB. O Mahatma está “fora do campo de ação da lei do carma que pode ser percebido pelo ser humano comum”; mas ele está perfeitamente dentro do campo de ação da lei do carma. Um Mahatma aprende. Ele tem sua própria fonte de inspiração. Ele erra e corrige seus erros. Ele expande sua consciência. Ele é um agente da lei do carma, como afirma HPB neste parágrafo, mas ele não é a lei ele próprio. A ilusão de que um sábio esteja “acima” ou “fora” da lei é uma das armadilhas mais terríveis do caminho espiritual. Exatamente devido ao fato de que os Mahatmas agem sob a lei do carma, os dois Mestres que inspiraram a criação do movimento esotérico moderno trabalhavam sob a supervisão rigorosa de um ser mais evoluído que eles, chamado de “Chohan”. Todas as inteligências do Cosmos obedecem humildemente à Lei.(CCA)
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Para conhecer a teosofia original desde o ângulo da vivência direta, leia o livro “Três Caminhos Para a Paz Interior”, de Carlos Cardoso Aveline.
Com 19 capítulos e 191 páginas, a obra foi publicada em 2002 pela Editora Teosófica de Brasília.
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