Em Capricórnio Até 2023, Plutão Rompe
Rotinas e Traz Sabedoria à Transição Planetária
Carlos Cardoso Aveline
Plutão e sua lua Caronte
“… Uma nova aliança, não da
letra, mas do espírito, porque a
letra mata, mas o espírito vivifica.”
( 2 Coríntios, 3:6 )
Como compreender melhor as fortes mudanças psicológicas, sociais e planetárias que a humanidade está atravessando? Talvez o primeiro passo seja observar criticamente o ponto de vista a partir do qual olhamos para a realidade.
Na sua obra “A Voz do Silêncio”, H. P. Blavatsky mostra a oposição entre a “doutrina do olho”, o ponto de vista das aparências, e a “doutrina do coração” – o ponto de vista da essência e da sabedoria. Ao longo da história humana, tem havido sempre uma relação de luta entre forma e conteúdo, casca externa e vida interior, percepção exotérica e compreensão esotérica.
O conflito constante entre aparência e realidade pode ser observado na história do pensamento filosófico e religioso, tanto em grande escala como nos pequenos acontecimentos. Forma e conteúdo se misturam, tanto na consciência de cada indivíduo como coletivamente. O movimento teosófico e esotérico está longe de ser uma exceção à regra.
Alguns estudantes que acompanham o trabalho do e-grupo SerAtento estão conscientes dos elementos em comum que os setores independentes e não-burocratizados do movimento teosófico moderno têm com o velho cristianismo primitivo.
O cristianismo dos primeiros séculos não possuía instituições formais e burocracias. Foi na idade média que o Vaticano montou o cristianismo imperial e ritualista. Na história do movimento teosófico, ocorreu algo semelhante. Foi depois da fase pioneira que surgiu, a partir de Adyar, o processo de “autoridade” e crença cega; mas há setores do movimento que mantêm a proposta original, e entre eles está a Loja Independente de Teosofistas.
No Oriente Médio, a relação entre Jesus e as burocracias sacerdotais do seu tempo foi de confronto, do mesmo modo como H. P. Blavatsky confrontou e foi confrontada pelas burocracias eclesiásticas do século 19.
Para a filosofia esotérica, a vida real de Jesus foi bastante diferente da narrativa simbólica feita pelos evangelhos.
Ao falar do verdadeiro Jehoshua – o Jehoshua histórico – a teosofia traz dados e informações do Talmude judaico. Em sua obra “Ísis Sem Véu”, H. P. Blavatsky mostra que a perseguição de Jesus (não por todo o povo, mas pela seita dos fariseus) se deveu à sua postura universalista e inter-religiosa, ou seja, teosófica. Citando como fontes o “Sefer Toldos” do Talmude e também o autor Eliphas Levi, H. P. B. afirma:
“(…..) O mesmo talmudista diz, mais adiante, em essência, o seguinte: Jesus foi lançado à prisão e ali permaneceu por quarenta dias; depois foi flagelado como um rebelde sedicioso; depois apedrejado como blasfemador numa praça chamada Lud e finalmente crucificado. ‘Tudo isso’ – explica Levi – ‘porque revelou ao povo as verdades que eles [os fariseus] queriam guardadas para seu próprio uso. Ele havia adivinhado a teologia oculta de Israel, a havia comparado com a sabedoria do Egito, e havia deduzido a necessidade de uma síntese religiosa universal’.” [1]
Ou seja, a tradição da sabedoria universal é não-sacerdotal e não-burocratizada. Ela tem se mantido longe da ação das castas sacerdotais convencionais, que se apresentam como se fossem proprietárias do conhecimento divino e “intermediárias” entre a sabedoria divina e a população desinformada.
A verdadeira teosofia tem, pois, traços essenciais em comum com o cristianismo primitivo (e com a sabedoria interna das outras religiões e filosofias). Do mesmo modo, a pseudoteosofia burocratizada e ritualista de Adyar possui um estilo de atuação semelhante ao do cristianismo convencional do Vaticano e ao estilo das cascas burocratizadas de outras religiões.
Na transição mundial em que vivemos, o carma humano muda rapidamente. Há agora na luz astral uma energia sutil que favorece a ruptura de cascas falsas e de estruturas limitadoras da verdade. Isto é especialmente verdadeiro desde 2008, e continuará assim até o ano de 2023, porque neste período o planeta Plutão estará em trânsito pelo signo de Capricórnio. Este fator provoca uma purificação que abre caminho para os novos tempos de consciência mental pura, elevada, ampliada e clara, características da era de Aquário.
Quando houve a passagem mais recente de Plutão por Capricórnio?
Ela ocorreu às vésperas da revolução norte-americana (1776) e da revolução francesa (1789-1793). Foi o momento de emergência dos direitos humanos e o início da transição para a era de Aquário. Já o ponto central da transição para Aquário foi o ano de 1900, segundo indicado por H. P. Blavatsky. A culminação da transição entre a era de Peixes e a era de Aquário ocorreu em 2007-2008.
A transição ou “lusco-fusco” entre as duas eras é de 215 anos, ou dez por cento da duração de uma era. Há 215 anos entre 1793 e 2007-2008, sendo o ano de 1900 o ponto central.
O trabalho de Plutão até 2023 é um dos elementos que completam mais uma etapa da transição e do alvorecer de uma nova consciência.
Terminada a mudança de era (1793-2008), é hora de “arrumar a casa”. A tarefa inclui alterações na relação ecológica e geológica entre o ser humano e o planeta. Plutão está associado ao carma do passado, à transmutação, à morte do que é velho e já não serve à vida.
Astrologicamente, este pequeno planeta rege a esfera subterrânea da Terra. Plutão está ligado, portanto, aos terremotos e ao excesso de CO2 na atmosfera, provocado pelo uso antinatural de combustíveis fósseis. Tanto física como psicológica e espiritualmente, esse misterioso planeta provoca a transmutação total, súbita, e não sem violência, quando acontece nos planos densos da realidade. Plutão traz a transição criativa, surpreendente, em direção à Vida Maior. Ele atua, naturalmente, conforme o carma acumulado pelos humanos. Sua ação está intimamente ligada e é complementar à influência dos outros planetas “galáticos” do nosso sistema solar, os seus “irmãos” Netuno, o corregente de Peixes, a era que terminou recentemente, e Urano, o corregente da era de Aquário, que já começou. [2]
Plutão aponta, também, para a cura e o renascimento.
No plano do movimento teosófico, o período até 2023 e 2025 é uma oportunidade única para que se rompa com as cascas burocráticas ilegítimas e as crostas de ilusões e crença cega.
O mesmo ocorre na vida de cada pessoa: é um momento para renovar e renascer. Ficar interiormente estacionado é impossível. Em compensação, existe como nunca antes a possibilidade viva de estabelecer “uma nova aliança, não da letra, mas do espírito, porque a letra mata, mas o espírito vivifica” (2 Coríntios, 3:6). Assim poderá surgir a era da sabedoria aquariana, em que o sonho pisciano da fraternidade universal começará a ser parte da realidade concreta.
NOTAS:
[1] “Ísis Sem Véu”, H.P. Blavatsky, Ed. Pensamento, edição em quatro volumes, ver volume III, p. 178. Ver também página 202, volume II, “Isis Unveiled”, Theosophy Co., Los Angeles.
[2] Há uma relação matemática curiosamente harmônica entre os ciclos dos três planetas, que trazem energia da galáxia para nosso sistema solar, complementando a função do sol.
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Uma versão inicial do texto acima foi publicada anonimamente na edição de junho de 2008 de “O Teosofista”.
Veja também os textos “O Lado Luminoso de Saturno”, “Urano e a Civilização da Solidariedade” e “Netuno, Um Mistério Diante de Nós”. Os três artigos são de Carlos Cardoso Aveline e estão disponíveis em nossos seus websites associados.
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas diversas dimensões da vida.
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O grupo SerAtento oferece um estudo regular da teosofia clássica e intercultural ensinada por Helena Blavatsky (foto).
Para ingressar no SerAtento, visite a página do e-grupo em YahooGrupos e faça seu ingresso de lá mesmo. O link direto é este:
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