Pomba Mundo
 
Como a Atenção e o Autocontrole Produzem Paz
 
 
Theosophy
 
 
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Nota Editorial:
 
A civilização industrial-materialista tem algo
central em comum com os velhos dogmas teológicos.
Ela parece ignorar a necessidade de autoconhecimento
e de autocontrole por parte dos cidadãos.  Ela pretende
condicionar e controlar os indivíduos de fora para dentro.
A teosofia autêntica, ao contrário, leva cada ser
humano a despertar com autonomia  e a assumir a
sua responsabilidade diante da vida em um processo
que ocorre de modo gradual, de dentro para fora.
 
Publicamos a seguir um artigo clássico sobre a bênção da
vigilância mental que leva ao verdadeiro despertar interior.
 
(Carlos Cardoso Aveline)
 
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Quanto mais profundamente nós mergulhamos nas ramificações do estudo teosófico, mais percebemos o poder transcendental do pensamento em todos os seus aspectos, à medida que ele influencia não só o rumo da nossa encarnação atual, mas também o padrão da nossa próxima encarnação.
 
Um processo que opera com certeza quase invariável torna cada vez mais claro que, a menos que estejamos sempre atentos em relação à natureza dos nossos pensamentos, em seguida nos vemos imersos em algum carma negativo e desagradável. Quantas vezes nos arrependemos da palavra impensada, do ato agressivo, da crítica cáustica, cujos resultados cármicos poderíamos ter evitado se nós, livres de emocionalismo, mantivéssemos sob vigilância a nossa vida mental?
 
A disciplina mental é de importância suprema para aqueles de nós que desejam trabalhar para o progresso espiritual da raça humana, e é óbvio que nos dias atuais nós temos uma responsabilidade de grande peso, embora inspiradora; trata-se de supervisar e regular os nossos processos mentais. Uma observação casual das ações da maioria das pessoas parece mostrar que elas são tão indiferentes − ou estão tão imersas na materialidade − que não conseguem ter discernimento nem sequer diante das questões relativas ao seu bem-estar físico, e muito menos diante das questões que dizem respeito ao seu bem-estar espiritual. A atitude mais comum é a do “laissez faire”, que manda “deixar que os acontecimentos sigam seu curso”, com a esperança de que se possa permanecer sem consciência das suas consequências cármicas.
 
Não esqueçamos que um rio violento pode causar um prejuízo incrível e levar milhares de pessoas à ruína material, mas, se for represado, o rio produzirá uma quantidade estupenda de energia elétrica. O mesmo ocorre com nossos pensamentos: a menos que eles sejam dominados e colocados sob o controle direto de manas superior (a mente mais elevada) o resultado pode ser um sofrimento indescritível e até mesmo a ruína. Além disso, é da mais absoluta importância perceber que quando deixamos de reconhecer, de cultivar e de utilizar os poderes latentes em nós, o nosso desenvolvimento mental é retardado, porque o poder do pensamento é dinâmico e tem grande alcance, como é exemplificado pela telepatia. 
 
Para vencer em qualquer forma de esporte, é necessário que o indivíduo se submeta a uma disciplina do corpo físico. O mesmo ocorre com nosso veículo mental. Se queremos ser conduzidos pelo nosso manas superior e enfrentar com equanimidade as incertezas da era atual, devemos antes preparar manas inferior para que receba as suas mensagens, e isso só pode ser obtido fazendo com que ele enfrente, às vezes, experiências pouco agradáveis.
 
Nós conhecemos o poder do pensamento sobre a saúde física e mental. Sabemos que se ideias negativas receberem abrigo, uma doença, real ou imaginária, pode ocorrer. Estamos familiarizados com o poder do pensamento no mundo comercial, e sabemos como um homem de negócios bem-sucedido pode dirigir os seus pensamentos e ações com um impulso meticuloso e persistente em direção a situações lucrativas, a tal ponto que ele se torna incapaz de pensar em qualquer outra coisa.
 
Temos visto os resultados do pensamento − controlado ou descontrolado − no campo da literatura, nas artes e nas ciências, e sabemos que a força emitida pode ser boa ou má. No entanto, será que nós, como indivíduos, já começamos a tarefa extremamente essencial de controlar nossos próprios pensamentos? É só desta maneira que poderemos abrir a porta para uma vida mais completa, na qual a intuição irá eliminar o fanatismo, as ideias falsas e pré-concebidas ou os preconceitos dos sacerdotes, e abrir uma visão espiritual de indescritível beleza, ajudando-nos a perceber a verdadeira realidade, ao invés de focar a visão no que é ilusório.
 
Podemos ler e estudar com zelo notável todos os livros escritos sobre teosofia, mas a menos que, e até que, “tomemos nosso destino em nossas mãos” e regulemos nossos pensamentos, não poderemos ter a esperança de alcançar aquela paz mental “que nada pode perturbar e na qual a alma cresce como a flor sagrada nas lagoas plácidas” − para citar “A Voz do Silêncio”. 
 
Em que fonte H. P. Blavatsky obteve os seus poderes fenomenais? E como William Q. Judge e Robert Crosbie foram capazes de iluminar o caminho para outros, exceto pela ação de dirigir os seus pensamentos a partir de uma orientação manásica superior? É imperativo, portanto −  se queremos progredir e ser úteis − que dominemos a arte de dirigir os nossos pensamentos, filtrando e analisando nossas impressões mentais, separando o joio do trigo, a substância da sombra, e alimentando apenas aqueles pensamentos que geram harmonia e produzem ações benéficas e positivas.
 
Alguém que pratica e domina a arte do controle do pensamento está sempre equilibrado. Seja durante o trabalho, o estudo ou o lazer, ele capta as características mais destacadas de um problema com grande facilidade. Isto é feito frequentemente à primeira vista, porque a sua mente, livre de questões triviais, pode concentrar todos os seus poderes na questão que está sendo examinada. Mas ele nunca emite “conclusões apressadas”, porque, quando depois de assimilar todos os ângulos ele se sente incapaz de chegar a uma conclusão satisfatória, ele sabiamente submete o problema às suas percepções superiores, que irão finalmente revelar a solução verdadeira. A quantidade de trabalho que a mente pode realizar é realmente surpreendente, quando é mantida uma estrita vigilância à sua porta. Porque só então os pensamentos mais úteis recebem um “sinal verde”.
 
O controle do pensamento tem um valor intrínseco tão grande que quase todos os que escrevem sobre teosofia dão uma considerável quantidade de atenção ao tema, não tanto por causa dos atributos fenomenais da mente, mas porque esta é a primeira disciplina ao longo do caminho do desenvolvimento espiritual. Se dirigida corretamente, esta disciplina reúne as nossas energias mais elevadas e as conduz para o crescimento interior.
 
Os aforismos de ioga de Patañjali indicam de que modo o estudante pode ser levado desde a fraqueza mental até a força mental; desde a arte da concentração até as alturas inefáveis da contemplação, o que torna possível que ele se aproxime da meta espiritual tão buscada em seus pensamentos mais secretos.
 
Há ainda outro aspecto neste assunto fascinante. Trata-se do reservatório universal de pensamento no qual nós, como indivíduos, vertemos diariamente nossas emanações mentais, em uma corrente que irá, de um lado, nutrir a humanidade, ou, de outro, formar um canal até os redemoinhos de egoísmo, materialidade e avareza, e assim afetar negativamente o carma nacional e internacional.  
 
O pensamento é o pai da ação. Já que cabe a nós como teosofistas praticantes ajudar aqueles que procuram o caminho enquanto ainda sofrem de dúvidas, devemos comprometer-nos diariamente a manter a mais rígida supervisão sobre as emanações do nosso plano mental.
 
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O texto acima foi traduzido da edição de agosto de 1952 da revista internacional “Theosophy”, publicada em Los Angeles. Título original: “Thoughts on Mental Discipline”.
 
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas diversas dimensões da vida.
 
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O grupo SerAtento oferece um estudo regular da teosofia clássica e intercultural ensinada por Helena Blavatsky (foto). 
 
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