Pomba Mundo
 
Sabedoria Universal Inspira e Estimula
Um Campo Humano de Aprendizagem
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
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Visão parcial de uma estátua de Helena Blavatsky,  feita pelo escultor ucraniano Alexey Leonov
 
 
 
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O texto a seguir reexamina as fontes
e as bases reais da sabedoria teosófica.
 
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O  termo “Teosofia” existe há milhares de anos e é uma herança dos filósofos do Egito antigo.
 
Foi  no século três da era cristã que Amônio Saccas batizou de Teosofia Eclética a sua filosofia platônica universalista.
 
Literalmente, “Theos-sofia” significa  Ciência ou Sabedoria Divina, conforme explica Helena Blavatsky.  Porém, cabe perguntar: “Como é que funciona e se expressa no mundo a sabedoria divina?”
 
A verdade é que não pode haver um conhecimento sem uma prática.  Nenhuma filosofia sobrevive se não houver uma escola em que ela seja ensinada, testada e praticada. Em Alexandria, há 17 séculos, Amônio Saccas criou uma escola neoplatônica de Teosofia. Em Nova Iorque, em 1875, Helena Blavatsky  fundou a escola moderna de Teosofia, o chamado “movimento teosófico”.
 
Tanto hoje como na antiguidade,   “Teosofia”  é aquela  sabedoria universal e eterna que está presente nas grandes religiões e filosofias  e nas principais ciências da humanidade.   A Teosofia é, portanto,  uma ponte entre as culturas. É um conhecimento interdisciplinar.  Ela requer uma abertura mental, um espírito crítico  e um constante desafio a dogmas, rotinas  e burocracias de todo tipo. Inclusive religiosas.
 
A  Teosofia abre as portas do conhecimento para que cada estudante possa ver e compreender uma verdade revolucionária: o fato de que sua alma  é uma parte viva do todo universal. 
 
Em outras palavras, a Teosofia faz com que se amplie no estudante  “Antahkarana”, a ponte –  a relação dinâmica –  entre a alma mortal e a alma imortal.  Assim, o cidadão passa a ver a evolução do universo como uma fotografia ampliada da sua própria evolução individual. Ele percebe que todo ser humano é, em si mesmo um resumo do universo, assim como cada átomo de matéria física é uma miniatura do sistema solar.  A Lei da Unidade e do Equilíbrio determina que as coisas ocorram “assim na terra como no céu; assim em pequena escala como em grande escala”. 
 
Que linhas sagradas, então,  guiam o tempo todo a evolução humana?  Nosso aprendizado segue inevitavelmente as leis do Carma e da Reencarnação. Estas são, respectivamente,  as leis da “responsabilidade” e da “segunda chance”.  Com o tempo,  porém, o estudante  acaba descobrindo que a  lei da reencarnação é na realidade uma parte da boa lei do Carma.  O conceito ainda é pouco compreendido, mas –  superstições e fatalismos à parte – a lei do carma  é o princípio eterno da  justiça universal e da harmonização constante de todos os seres e coisas do universo.
 
O que se planta, se colhe, e deste modo aprendemos a plantar o que é bom, justo e verdadeiro.
 
Carma e reencarnação são dois aspectos absolutamente essenciais  da filosofia esotérica.  Aquele que ignora esses dois temas dificilmente pode ser considerado teosofista. Cabe perguntar, porém: “O que é, exatamente, que reencarna em nós?”  A resposta é desafiadora. Não é o corpo.  Não é a alma mortal.  É apenas a alma imortal, a mônada,  o Espírito elevado, e não o eu inferior, que  reencarna.  A cada renascimento, a alma imortal está associada a um novo corpo e uma nova alma mortal. 
 
Ao final de uma vida, não há apenas uma morte física; algum tempo depois dela, ocorre a morte astral, do  eu inferior. E então a alma imortal segue, livre, para o “Devachan”, o “local dos deuses”, de onde só despertará para uma nova existência.  As encarnações se sucedem durante um tempo quase inimaginavelmente longo, até que um dia a Alma  se liberta afinal da roda da reencarnação e alcança a condição de um Buddha, um Adepto, um Mahatma –  um Mestre. Esses seres trabalham sempre em silêncio e anonimamente.
 
Helena Blavatsky não criou,  e não pretendeu ter criado,  a sabedoria.
 
Auxiliada  e orientada por Mahatmas,  ela  apenas colocou à nossa disposição elementos para que a sabedoria universal possa ser mais facilmente percebida e vivida.  Esse conhecimento do mundo divino é uma tradição global e intercultural, milenar e também moderna, cuja descoberta gradual fará com que  todos os dogmas religiosos, nacionalistas e ideológicos  se desfaçam, e as guerras e o fanatismo comecem a perder sentido.
 
Todo conhecimento implica necessariamente testes e responsabilidade.  E testes mostram tanto erros como acertos, e avanços, e fracassos. A  Teosofia,  como filosofia abstrata e universal,  se desdobra na prática e no dia-a-dia  através de um amplo Movimento Teosófico onde não faltam desafios e limitações humanas.  
 
Não há hoje uma instituição que detenha o monopólio da filosofia esotérica. A maior instituição é a Sociedade Teosófica de Adyar, que tem sede na Índia e existe em cerca de 60 países, inclusive o Brasil.  Há também a Sociedade Teosófica de Pasadena, com sede internacional nos Estados Unidos e presença em cerca de 10 países. Uma terceira força presente internacionalmente preferiu  organizar-se como uma  rede de estudantes autônomos, e não como uma corporação. Trata-se da influente Loja Unida de Teosofistas, L.U.T., que existe em cerca de 16 países e que desde novembro de 2009 possui uma loja luso-brasileira. Enquanto a Sociedade de Adyar dá grande importância a crenças e rituais ilegítimos, deixando de lado a Teosofia original, a S.T. de Pasadena e a Loja Unida de Teosofistas priorizam a proposta filosófica autêntica, formulada por H.P. Blavatsky.
 
Além dessas três escolas maiores de Teosofia, há uma grande variedade de grupos e iniciativas teosóficas independentes, que seguem a teosofia autêntica de Blavatsky e dos Mestres, e que são influentes internacionalmente.  Dois bons exemplos são a Sociedade Teosófica de Edmonton, no Canadá, e a Fundação Blavatsky, no México.
 
Não se deve esquecer, tampouco, a presença de segmentos importantes do movimento esotérico mais amplo, que  tiveram origem no movimento fundado por H.P. Blavatsky. Entre eles estão a Escola Arcana e Boa Vontade Mundial,  fundados por Alice Bailey; a Agni Yoga, de Nicholas e Helena Roerich;  e a Sociedade Antroposófica, de Rudolf Steiner.  Estes três segmentos tiveram a Teosofia como inspiração inicial e original e contribuem positivamente para a formação de uma ampla base de fraternidade universal e de filosofia interdisciplinar,  no mundo de hoje.
 
Inevitavelmente, a filosofia esotérica mais autêntica trabalha para que a humanidade se liberte de  crenças cegas e automáticas. Ela dá elementos para que cada indivíduo possa desenvolver  uma compreensão autônoma e solidária da vida e do Universo.
 
O movimento teosófico, com suas  diversas escolas de pensamento, oferece um vasto campo de testes e aprendizado. Sendo humano, o movimento tem dentro de si o joio e o trigo, verdades e  ilusões, a letra morta e o espírito que vivifica. A busca sincera dos objetivos do movimento permite a cada aprendiz desenvolver o seu discernimento e ver além das aparências –  sem cair no dogma, na rotina ou no ritual.
 
Os objetivos do movimento são três:
 
1) Formar o núcleo de uma Fraternidade Universal da Humanidade, sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor;
 
2) O estudo das religiões, filosofias e ciências  antigas e modernas, e a demonstração da importância de tal estudo; e
 
3) A investigação das leis inexplicadas da Natureza e dos poderes psíquicos latentes no homem.
 
É fácil perceber que a   tarefa teosófica não é de curto prazo, e que vale a pena.  “Tudo que é  humano me diz respeito”, afirmou um dia o pensador romano Terêncio. Um teosofista moderno poderia ampliar a frase,  dizendo:
 
“Tudo que é mineral, vegetal, animal, humano e divino, e tudo que é eterno e infinito,  me diz respeito, essencialmente”.
 
De fato, a Teosofia abarca a essência (não a casca externa) de tudo o que há;  e por isso  o movimento teosófico é necessariamente complexo.  Uma longa caminhada começa com o primeiro passo, e  William Judge escreveu em “O Oceano da Teosofia” [1]:
 
“A Teosofia é um oceano de conhecimento que se estende de um extremo a outro da evolução dos seres sensíveis.  Insondável nas suas partes mais profundas, ele exige das mentes mais poderosas o máximo de seu alcance, embora seja suficientemente raso em suas margens para ser entendido por uma criança.”
 
NOTA:
 
[1] A obra “O Oceano da Teosofia”, William Q. Judge, está publicada e disponível em nossos websites associados. Veja o início do capítulo I.
 
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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
 
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Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.
 
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