Quem Trilha o Caminho Vive
Uma Ampliação Diária Dos Horizontes
 
 
Regina Maria Pimentel de Caux
 
 
A Decisão de Avançar

 
A intenção elevada e firme funciona como uma bússola
 
 
 
As sementes da teosofia estão sendo plantadas e ela está presente nos aspectos essenciais de cada ciência, filosofia e religião. Ela deve ser experimentada, entendida, amada e nutrida em cada um de nós. E isso leva um tempo para tomar consistência e forma. É preciso dedicação e paciência. Ao sentir-nos prontos, devemos sair em frente, sem temores.
 
Tudo melhora com a prática. Dia a dia percebemos novos progressos dentro e fora de nós. Passamos a sintonizar com o fluir da vida e ver a luz da verdade brilhando em tudo ao mesmo tempo em que brilha a luz do fundo do nosso ser.
 
Estamos sendo todos atraídos uns aos outros nesse tempo em que se vislumbra um tremendo trabalho à frente. O plano vai se desdobrando enquanto nos desdobramos com ele. É preciso estar prontos para as responsabilidades.
 
Helena P. Blavatsky ressalta:
 
“A aura é o princípio do sentimento de simpatia e de antipatia; é uma emanação de prana, mas em combinação com manas e buddhi. Em relação a isto, deve-se ter presente que a memória é o efeito de buddhi sobre manas. O processo de ‘ter influência psicológica’ é realizado através do poder da vontade, pela aura, e também afeta a aura.” [1]
 
A vontade é uma emanação do sexto e do sétimo princípios. A verdadeira função do poder da vontade é produzir harmonia entre a Lei e o homem. E mais adiante H. P. B. afirma:
 
“Assim, a direção da vontade deve ser colocada no rumo da realização das aspirações individuais que são búddhicas, de modo que o quinto princípio intelectual fique quase dissolvido no sexto princípio, buddhi. Essas aspirações podem ser chamadas de ‘vislumbres do eterno’.” [2]
 
Estamos reduzindo as possibilidades de nossa vida e limitando o potencial de nossa obra, quando nos entregamos à força perturbadora dos desejos. Lao-tzu nos ensina que “o único comportamento autêntico é aquele que é uma expressão direta da natureza verdadeira e virtuosa de alguém. Quando tudo no comportamento de alguém é uma extensão da sua verdadeira natureza, a pessoa pode ser considerada um ser natural e íntegro. Os seres naturais e íntegros são os imortais do universo. Eles jamais violam sua verdadeira natureza.” [3]
 
E H. P. Blavatsky esclarece:
 
 “A firmeza pode ser descrita como algo que resulta do equilíbrio entre as duas metades do cérebro. É sobre esta firmeza que a vontade se baseia, e a vontade começa a funcionar a partir deste equilíbrio.” [4]
 
Sempre que ampliamos nossa consciência de mundo, nos iluminamos. Iluminar-se é um ampliar diário dos horizontes da própria consciência.
 
Respeito e generosidade são as chaves do convívio harmonioso e próspero. É fundamental estar em perfeita integração com o melhor sentimento e o mais elevado pensamento, pois é nessa faixa mais ampla que se encontram todas as soluções para os desafios que nos são colocados.
 
É preciso autoconhecimento, percepção plena, coragem para empreender mudanças, desapego para largar o que não é e seguir em frente. Mais tarde a consciência inferior passa a aspirar, e é elevada, se as circunstâncias estiverem de acordo. Quando este instinto é desenvolvido, ele se torna uma aspiração consciente.
 
Mas quantas vezes as pessoas oram para um ser superior, uma entidade, algo ou alguém que não é deste mundo, imaginando que, ao pedir, poderão ser atendidas?  Isso nos parece um “Serviço de Atendimento ao Cliente” ou SAC cósmico. Não é razoável que o cosmo se reorganize em suas múltiplas dimensões para atender a anseios individuais.
 
Em vez de pedir mudanças e facilidades, experimentemos fazer, viver, construir, planejar, realizar, aprender. Imaginemos tudo como um grande lago. Toda vez que mexemos as peças, transformamos algo e o conjunto se modifica. Temos um grande poder de transformação em nossas mãos. E devemos transformar para o bem da coletividade.  Carlos Aveline escreveu:
 
“Um mundo de carneiros é habitado por cidadãos que obedecem aos interesses menores do eu inferior, e que são escravos cegos do apego ao conforto. Nesse contexto, a imagem de um leão simboliza aquele que tem coragem de buscar a verdade, e ânimo para viver em contato ampliado com sua própria alma imortal.” [5]
 
Em um movimento constante, o que pode nos manter no rumo é a inspiração maior, o alvo claro, os princípios que nos conduzem, as lições aprendidas, a manutenção da clareza, e a limpidez do foco. Uma firme intenção é uma bússola preciosa a nos guiar em meio à transitoriedade, e os relacionamentos construídos são as pontes que forjamos para a plena realização.
 
A intenção pode mudar o mundo. É essencial estar repletos de uma intenção que nos inspire a ser melhores e ser capazes de seguir avançando em meio ao emaranhado dos desafios.
 
Um Mahatma escreveu:   
 
“Meu desejo é que você vá reunindo todas as reservas de forças do seu ser, de modo que possa erguer-se à dignidade e importância da crise. Por pouco que você pareça alcançar – psiquicamente – nesta vida, lembre-se de que o seu crescimento interior prossegue a cada instante, e que, próximo ao final da sua vida, como em seu próximo nascimento, o seu mérito acumulado trará a você tudo a que aspira.” [6]
 
À medida que encontramos o nosso lugar, desabrochamos e crescemos em força e alegria. Tudo é um em sua origem. Cada ser tem como missão desenvolver em si mesmo uma parte da unidade maior. É esta tarefa que deve ser desenvolvida, despertando ao mesmo tempo o sentido da unidade original.
 
NOTAS:
 
[1] “A Aura e o Magnetismo do Ser Humano”, Helena P. Blavatsky. O texto pode ser encontrado em nossos websites associados.
 
[2] Idem.
 
[3] “Conversas na Biblioteca”, Carlos Cardoso Aveline, Ed. Edifurb, Blumenau, SC, 170 pp., 2007, p. 16.
 
[4] “A Aura e o Magnetismo do Ser Humano”, Helena P. Blavatsky.
 
[5] Nota editorial introdutória de C. C. A. para o conto “O Discipulado de Hari, o Leão”, de Marie Louise Burke, que pode ser encontrado em nossos websites.
 
[6] “Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”, Editora Teosófica, Brasília, Carta 121,
ver  p. 262 do volume II.
 
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A educadora mineira Regina Maria Pimentel de Caux é licenciada em Pedagogia, com Pós-graduação em Processo Ensino-Aprendizagem e Psicopedagogia.
 
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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
 
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Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.
 
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